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" Cemitério Indígena: A Magia Dos Xamãs "

Vlade estava tomando banho cantando uma música dos Ramones, Pet "Sematary", quando Edgar, seu grande amigo, ligou para ele contando-lhe a excelente notícia do dia: os Ramones tocariam no Brasil naquele mesmo dia. Claro que Vlade só saiu do banheiro para atender o telefone porque ele e Edgar eram amigos de espírito, de música e de literatura. Para Vlade, sua música preferida era Pet “Sematary”, pois vira no clipe dos Ramones dessa música que estavam sepultando animais em um cemitério de animais. Por isso a música se chamar Pet “Sematary”.

Mas não só pelo fato de ele ter visto o clipe o fez elegê-lo como o melhor, mas sim porque o clipe fora baseado em seu livro preferido, O Cemitério, de Stephen King , cujo título em inglês é Pet “Sematary”. Tanto ele quanto Edgar gostavam de histórias de terror, içando os livros O Cemitério, O Corvo, de Edgar Alan Poe, Drácula, de Bhram Stocker, e o necrofilista Noite na Taverna, de Álvares de Azevedo, como os melhores de todos os tempos, além de alguns livros de Lovecraft. Enfim, Vlade teria uma chance de ver sua banda favorita tocar aqui no Brasil. Porém, ele não estava gostando de algumas coisas que Edgar disse para ele ao telefone: após marcarem o encontro, às 18:00h, três horas antes do começo do show, Edgar falou alguma coisa como caçar um gato preto. Ele nada explicou sobre isso, dizendo que só iria fazê-lo quando se encontrassem.

No horário marcado, encontraram-se, ambos com a camisa dos Ramones. Vlade indagou Edgar o que era aquele plano quimérico e assustador que ele estava forjando. Quando Edgar disse que iriam caçar um gato preto após o show para enterrá-lo em um antigo cemitério indígena, Vlade, lembrando da maldição do cemitério Mic Mac descrito por Stephen King, teve um princípio de desmaio, mas recobrou a consciência. Mas, como os dois eram muito amigos, Vlade acabou concordando. Começa o show, e os Ramones fascinam os fãs com seus antigos sucessos, até que, quase na hora de acabar o show, faltando dez minutos para meia-noite, eles começam a tocar Pet “Sematary”. Vlade, ao mesmo tempo fascinado e sentindo um calafrio assustador, teve de chamar Edgar para executarem logo o plano. Em uma rua sem calçamento que fica próxima a uma trilha deserta, eles acharam um gato preto e o mataram com uma pedrada.

Por incrível que pareça, Vlade, mesmo atônito antes de sair para o show, lembrara de pegar um saco de lixo para colocar o cadáver do gato. Aquele volume preto jogado ali no chão o fez recordar novamente o livro O Cemitério, quando o gato de Ellen, Winston Churchill, é atropelado pelo caminhão... Foram pegar a trilha que dava acesso ao cemitério indígena. Ao som fúnebre dos corvos e à visão fantasmagórica das árvores contra a luz lúgubre da lua cheia, eles seguiram a trilha que, primeiramente, dava em uma igreja católica abandonada naquela floresta. Um fato estranho, já que o paganismo e o cristianismo estavam vivendo muito próximos, pois já estava chegando o cemitério pagão dos indígenas. Eles, é claro, estavam muito assustados, ainda mais vendo aquela cruz na torre da igreja refletindo aquela luz assustadora da lua. Dois pensamentos os estavam atormentando: o encontro com o desconhecido e a certeza de que o que eles leram no livro iria se concretizar. Chegaram ao cemitério e se depararam com uma cena interessante, mesmo àquele ambiente de morte: um gato preto andando de forma cambaleante, como se estivesse entorpecido por alguma substância, andava por aquele lugar.

Ficaram assustados e fascinados ao mesmo tempo, mas o gato acabou fuigindo dali com aquele andar jocoso, e eles passaram a prestar atenção no lugar. O lugar é muito bonito e cheio de mistérios: ao invés de círculos concêntricos do primeiro cemitério do livro O Cemitério, vários pequenos montes tomados pelo mato e adornados com pentagramas de pedras davam um tom bonito e assustador à paisagem. Aqueles pentagramas mostravam que aqueles índios que viveram ali há mais de duzentos anos tinham conhecimento do paganismo ocidental. Enterraram o gato e fizeram o mesmo que se mostrava nos outros túmulos: fizeram um pequeno monte, rodearam-no com pedras brancas e, em cima, fizeram um pentagrama. De repente, um grito alto e assustador os fez fugirem dali o mais rápido possível. Chegaram em casa às três horas da manhã. No outro dia, quando Vlade acordava para ir ao colégio, percebeu que tinha acordado tarde e que sua mãe não o acordara. Levantou-se e foi ver o que estava acontecendo. Levou um choque muito grande com a certeza do que havia acontecido com sua mãe, pois de seu quarto saia uma poça de sangue. Quando adentrou o ambiente, viu que um gato preto estava estraçalhando o corpo de sua mãe.

A lembrança do cemitério veio-lhe à mente, e o gato, após encará-lo com uma cara assassina, sumiu como em um passe de mágica. E Vlade chorou, chorou muito, por arrependimento de ter feito aquele absurdo com seu amigo. No cemitério, o sacristão amaldiçoava os dois, dizendo que eles eram apóstatas e a reencarnação do demônio. Na madrugada do dia seguinte, os dois acabariam morrendo ao mesmo tempo com hemorragia interna e a cama cheia de terra e sangue.

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